quarta-feira, 29 de junho de 2011

Eu Estou Convosco

3ª Reflexão Sobre o Cristo Ressurreto

“Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” – Mateus 28:20

Um dos Salmos mais conhecidos e amados da Bíblia é o Salmo 23. Ele é de fácil lembrança pela sua beleza poética, e, principalmente, pelo conforto que transmite aos corações solitários, fazendo-os lembrar da presença constante e incondicional do pastor amado de nossas almas. Outro valor desse Salmo é o de retratar a presença do Pastor Jesus nas três fases da nossa existência.

A primeira fase diz respeito ao tempo presente, não nos deixando faltar coisa alguma. Fazendo-nos deitar em pastos verdejantes, guiando-nos mansamente às águas tranquilas e refrigerando a nossa alma cansada. Ele também nos guia pelas veredas da justiça, e prepara-nos um banquete na presença dos nossos inimigos, ungindo nossa cabeça com óleo e levando o nosso cálice a transbordar. Nesse tempo Ele também nos cumula de bondade e misericórdia por todos os dias da nossa vida. Dessa forma, garante-nos um presente seguro e próspero em Sua presença.

A segunda fase refere-se aos vales de sombras e dores. Eles tanto representam momentos difíceis da vida quanto a própria hora da morte, quando partimos desse mundo. Nesse vale precisamos de consolo, e é justamente isso que a vara e o cajado se propõem a fazer.

E a terceira fase nos remete à eternidade. A promessa é a de que habitarei na Casa do Senhor para sempre. Depois de gozar de bondade e misericórdia pelos dias da minha vida, de ser consolado e acompanhado no Vale da Sombra da Morte, recebo, enfim, a corôa da vida eterna para estar com Ele pelos séculos dos séculos.

Mas, pergunto: O que realmente faz com que todas as coisas acima tenham sentido?

Embora o Salmo fale de pastos verdejantes, águas tranquilas, alma refrigerada, veredas da justiça, vara e cajado no vale, mesa farta, óleo e cálice transbordantes, bondade, e, enfim, misericórdia, nenhuma dessas coisas, porém, faria sentido se o Pastor não estivesse presente. A companhia dEle em todo o tempo, na vida, no vale e nos portais eternos, é o que mais importa.

Quando YHWH disse à Moisés que enviaria um Anjo em Seu lugar na jornada rumo à Terra Prometida, o homem de Deus suplicou: “Então lhe disse: Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui.” – Êxodo 33:15.

A promessa que Jesus fez aos discípulos e à igreja que estava nascendo naqueles dias, é de que Ele mesmo estaria conosco. A alegria do salmista pela presença do pastor amado, bem como a súplica de Moisés instando pela presença divina, agora, se tornam reais e completas em Cristo – “Eu estou convosco”.

Há alguns anos passei por uma experiência muito difícil. Isso se deu quando eu voltava para casa na zona sul de São Paulo, depois de visitar meus pais que moravam na zona leste. Saindo da Radial Leste e prestes a subir o viaduto que desembocava na Av. 23 de Maio, percebi o carro da frente desviando-se rapidamente de algo. Pensei que fosse algum animal na estrada. Mas não era. De repente deparo-me com um homem postado bem à minha frente. Ele estava embriagado e tentando atravessar em um lugar impossível. Não tive tempo para nada, nem como evitar – eu o atropelei. Só percebi o corpo dele voando por cima do meu carro. Atônito, tendo minha esposa ao lado e meu filho bem pequeno no banco de trás, parei alguns metros à frente, não sabendo nem o que pensar. Imediatamente, contudo, ouvi uma voz no meu espírito: - “Fica calmo! Eu estou com você.” Logo soube que era o Senhor falando comigo. Em seguida um motoqueiro se colocou ao meu lado, ofereceu ajuda e voltamos para socorrer o homem caído. Levamos para o hospital em uma ambulância e ele sobreviveu, graças a Deus! Mas na primeira oportunidade perguntei ao motoqueiro sobre o por quê ele havia se oferecido a voltar, chamar a ambulância mesmo na contra-mão e acompanhar-me até ao hospital. A resposta dele foi surpreendente. Disse-me que por aqueles dias ele estava em um quarto fechado quase morrendo de overdose. Em condição deplorável, mesmo assim fez uma oração a Deus (“se é que Deus existe” – pensava ele consigo mesmo), pedindo-lhe uma nova oportunidade de vida. O Pai o ouviu e lhe deu uma nova chance. Agradecido, ele se propôs a ajudar quem precisasse, e, graças ao Senhor, esse alguém fui eu naquela noite. Entendi que era Deus Quem estava conduzindo toda aquela situação de forma surpreendente. Então, decidi compartilhar sobre o Amor de Deus que o havia resgatado da morte por overdose em seu quarto escuro. Assim o fiz e ele recebeu minhas palavras.

Ficou claro para mim que aquela frase ouvida em meu espírito logo após o acidente: “Fica calmo! Eu estou com você”, havia de significar um propósito maior que na hora eu não conseguia entender. Mas a certeza de que Ele estava ali e que conduziria todas as coisas para o bem de todos, certamente, passou a ser a grande convicção do meu coração, não apenas para aquela hora, mas para todas as demais desde então.

Wilson Maia dos Santos

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Autoridade

2ª Reflexão Sobre o Cristo Ressurreto

“Jesus, aproximando-se , falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” – Mateus 28:18-20

O mundo estava em trevas sob o domínio do mal. A autoridade para governar a terra outorgada ao homem no Éden agora repousava nas mãos do diabo. A visão panorâmica era altamente desoladora, semelhante às cenas de filmes que retratam o governo de tiranos ditadores – ruínas por todo lado, gemidos e suspiros por dias melhores, além de densas nuvens escuras, compactas, decididas a não deixar escapar nenhum facho de luz. Alguém teria de lutar contra esse império. A devolução da dignidade original da raça humana era questão de vida ou morte. Mas quem poderia fazer isso se toda a humanidade era prisioneira por causa de seus próprios pecados?

Em meio ao caos, porém, surge uma esperança: “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.” – (João 1:5). Somente uma única pessoa poderia travar essa batalha – Cristo. E Ele o fez por mim e por você.

Ao contrário do que podemos pensar, Cristo não venceu o diabo simplesmente confrontando-o. Não era um jogo de cabo de guerra, onde vence o mais forte. Muito menos uma mera luta do bem contra o mal. Acredito que seria melhor dizer que se tratava de uma luta do bem a favor do bem. A derrota do mal seria apenas uma consequência. O triunfo do Senhor teve muito mais a ver com a Sua submissão ao Pai do que com o enfrentamento à Satanás. O diabo teria de ser resistido sim, mas a sujeição a Deus certamente era o que estava no centro de tudo. Era uma questão de vivência dos princípios e valores de Deus, e não um incansável desembainhar de espadas no mundo espiritual. Embora o inimigo estivesse sempre presente tentando, instigando para o mal, e destilando seu veneno de mentiras e ofertas sedutoras, a reconquista da autoridade se deu na quietude da submissão, dependência, renúncia, obediência e resignação, não diante do diabo, mas à face do Pai.

Na carta aos Filipenses Paulo traça o caminho percorrido por Jesus:

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” – Filipenses 2:5-11

Assim, submetendo-se ao Pai e à Sua justiça, Cristo reconquistou a autoridade do homem perdida no Éden. Só que agora em um escopo muito maior – autoridade na terra e no céu.

Com base nessa autoridade Ele nos envia ao mundo. Ao mesmo mundo outrora fadado a perpetuar seu caótico status de desolação, miséria e morte. Para quê o envio? Para dizer aos prisioneiros que há uma nova autoridade estabelecida. Para proclamar a verdade de que os homens não precisam mais viver sob o domínio do tirano Satanás, e que agora podem confessar um novo senhorio sobre suas vidas. Quando os homens ouvem essa gloriosa notícia e crêem nela, suas algemas caem, suas prisões se abrem e suas noites se transformam em dias. Há um novo Senhor!

Esse “ide” se cumpre enquanto vamos. É no movimento da vida rumo ao trabalho, aos negócios, aos relacionamentos. Enquanto semeamos andando e chorando, na esperança de que um dia voltaremos com alegria trazendo nossos feixes. Fazendo discípulos, batizando-os e ensinando-os acerca do Reino de Deus. Tudo isso debaixo do comando dAquele que possui a autoridade suprema nos céus e na terra. A fórmula para a nossa vitória contra Satanás enquanto vamos anunciando a verdade libertadora é a mesma: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” – Tiago 4:7.

Sob esse poder que nos escuda, declaramos que é findo o domínio das trevas na vida dos que crêem em Cristo e é chegado a eles o Reino de Deus.

Wilson Maia dos Santos