quinta-feira, 8 de setembro de 2011

PRONUNCIAMENTO e CONCLAMAÇÃO

CONSELHO APOSTÓLICO BRASILEIRO
04 de Setembro de 2011


MEMBROS DO CONSELHO APOSTÓLICO

Valnice Milhomens, Jesher Cardoso, Arles Marques, Mike Shea, Sinomar Fernandes, Márcio Valadão, Neuza Itioka, Paulo Tércio, Dawidh Alves, Alexandre Nunes, Francisco Nicolau, Ebenézer Nunes, Hudson Medeiros, Luis Scultori e Paulo de Tarso.

Os membros do CONSELHO APOSTÓLICO BRASILEIRO reuniram-se nos dias 22 e 23 de agosto de 2011, para buscar direção de Deus e discernir os tempos em que vivemos. Este documento, gerado a partir desta reunião, registra as impressões dos membros e, pela sua importância para o momento, será compartilhado com a IGREJA DE JESUS CRISTO NO BRASIL.

Olhando para os atuais eventos relacionados a Israel e ao Oriente Médio, as crises econômicas mundiais, os fenômenos nos céus e na natureza, identificamos cada um deles como sinais Bíblicos que apontam para a proximidade do regresso de Cristo.

Cremos que a Noiva do Cordeiro precisa estar pronta para esta hora e que sua santificação, proclamação do verdadeiro Evangelho, atos de justiça e adoração ao Único Deus Vivo, precisam ser manifestos.

Relembramos aqui as palavras proféticas sobre a nação, proferidas por profetas nacionais e internacionais, em diversas ocasiões, que apontavam para o destino profético do Brasil.

1. PALAVRAS PROFÉTICAS SOBRE O BRASIL

Surgirá uma cooperação entre os governantes e os sacerdotes, com objetivo de estabelecer justiça social e pastoral, em toda nação;

Teremos uma economia forte, que vai transformar o país em celeiro de alimento para as nações;

Seremos um celeiro de missionários para o mundo.

Seremos uma "Plataforma Continental de Adoração";

Seremos um canal de bênção, influência, unidade continental e referencial para outras nações;

Viveremos a maior transformação da nossa sociedade em todas as áreas: Igreja, governo, educação, economia, artes, justiça social, etc;

Seremos chamados de "YHWH SHAMÁH" - O Eterno está aqui";

O Eterno ama a nação brasileira e deseja transformá-la em nação santa, reino de sacerdotes e propriedade exclusiva do Senhor.

Seremos uma nação que volta para Deus e honra a Sua Aliança;

O Brasil ou (braseiro), receberá o sopro de Deus e as chamas se espalharão pelas nações que transportaram o Pau Brasil, ou (pau em brasa), como um caminho de pólvora devorado pelo fogo do Espírito;

2. Crescimento do Evangelho em nosso país

Constatamos os grandes avanços ocorridos no Brasil pela aproximação do Reino de Deus. Nos últimos 50 anos pudemos observar como a igreja no Brasil cresceu em número e em influência na sociedade. Milhões de conversões são estatisticamente comprovadas. Há uma grande multiplicação de congregações e uma explosão de trabalhos em pequenos grupos (células, grupos familiares, etc.), promovendo um crescimento maravilhoso de “filhos de Deus”.

A igreja cresce no Espírito a cada dia. Embora muitos erros e distorções tenham sido cometidos, verdadeiros apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres tem sido levantados pelo Espírito Santo, para os fins designados por Cristo para a Igreja.

O Espírito Santo constrange toda a igreja a avaliar suas posturas, diante da Palavra de Deus, para se alinhar com os padrões Divinos, deixando assim o erro e o engano.

Cresce na igreja uma preocupação com questões de justiça social e com o cuidado dos necessitados de nossas cidades e nação.

Cresce o envolvimento da igreja na vida política. Com muitos representantes eleitos para cargos Legislativos e até Executivos.

Há um acesso da Igreja de Cristo aos Meios de Comunicação, permitindo que o Evangelho seja pregado e o padrão de vida cristã possa ser compartilhado com milhões e milhões de pessoas.

Testemunhos dão prova das bênçãos e milagres alcançados por nosso povo e por nossa nação frutos de uma Intercessão gerada pelo Espírito de Deus.

Em especial, no meio dos jovens, o Evangelho tem alcançado grande desenvoltura e se popularizado.

Há muito, porém, para nos arrependermos

Embora a igreja brasileira tenha avançado, reconhecemos, à Luz das Escrituras, situações que nos levam a conclamar a Igreja a um tempo de reflexão, arrependimento, e mudança dos seus caminhos. Nossos corações se enchem de temor, pois, a palavra do Eterno nos ensina que Sua graça e misericórdia podem ser manifestadas através de severa disciplina, como no momento de juízo de Ananias e Safira, nos primeiros dias da igreja primitiva.

Um profundo arrependimento pode vir através do Juízo de Deus, mas, através de todos os profetas, O Nosso Deus, nos chama para voluntariamente buscarmos a Face do Deus de Jacó, para purificarmos nossas mãos e o nosso coração, afim de termos acesso ao Monte Santo do Eterno.

3. 70 DIAS DE ARREPENDIMENTO

Impelidos pelo Espírito de Deus, conclamamos TODA A IGREJA DE JESUS CRISTO NA NAÇÃO BRASILEIRA, a SETENTA DIAS DE ARREPENDIMENTO, desde 7 de setembro até 15 de novembro deste ano, com orações, jejuns, santas convocações, vigílias, encontros de adoração ao Deus Vivo e a unção de nossa nação, reconsagrando-a a Jesus Cristo, Nosso Senhor.

Cremos que o Espírito Santo tem preparado a igreja para este momento.

Recebemos uma direção de Deus para ungir nossa nação, coisa que já foi feita no passado recente, dentro do projeto “Unção América”.
Percebemos, no entanto, que uma resistência espiritual se manifestou para impedir o processo de conquista da nação, tentando paralisar ou neutralizar o Plano de Salvação do nosso Deus.

Neste projeto, ungimos os pontos cardeais mais extremos de nossa nação, e todo o nosso vasto litoral, mas, agora entendemos que devemos tocar todos os estados do Brasil, e se O Eterno nos permitir todos os municípios brasileiros, com este desafio por um VERDADEIRO ARREPENDIMENTO e com o SELO DA UNÇÃO.

Nosso pedido às lideranças cristãs de nossa nação

Reconhecendo que debaixo da Autoridade de Cristo, O Cabeça da Igreja, há inúmeros ministérios e lideranças dentro das suas estruturas eclesiásticas e esferas de influência, as quais respeitamos, humildemente, como conservos, pedimos que esta conclamação possa ser retransmitida e amplificada.

Nossa motivação é o amor pelo Nosso Deus e por Seu Reino Eterno, e pela Igreja de Cristo, da qual somos membros.

Temos (todos nós) motivos suficientes para nos humilhar diante do Senhor e clamar Sua misericórdia.

“Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o Pai ao filho a quem quer bem.” (Prov. 3:12)

Que a ação refinadora do Espírito Santo comece em nossos próprios ministérios. Oramos para que o Espírito Santo testifique Sua palavra e dê direção de tudo que Ele quer fazer para santificar e capacitar a Sua Igreja nesta hora.

Aos pés de Cristo,

CONSELHO APOSTÓLICO BRASILEIRO


ANEXO - I


MOTIVOS DE ARREPENDIMENTO

Envergonhemo-nos diante do Eterno e nos arrependamos:

Pela comercialização da Adoração, e pela decadência de adoradores que se transvestem como artistas midiáticos;

Pela massificação do evangelho, não obstante a multiforme sabedoria de Deus para cada cristão, congregação e região de nossa nação;

Pelo endeusamento de líderes cristãos e a idolatria, muitas vezes incentivada pelos próprios líderes;

Pela banalização do ministério profético, num distanciamento do Ministério profético de Cristo e a vulgarização de atos proféticos, sem a direção do Espírito Santo;

Pelo desejo de que a sociedade brasileira nos veja como pessoas normais e simpáticas ao povo, nos afastamos de um padrão celestial para a vida familiar, social, empresarial, comercial, da sociedade;

Pela falta de respeito à autoridade de Cristo na vida dos Ungidos de Deus e pela exacerbação e abuso da autoridade dos ministros que deixam de ser exemplos do rebanho para tornarem-se dominadores daqueles que lhes foram confiados;

Pela comercialização da paternidade e das coberturas ministeriais, e pelo plano de escalada ministerial, através de resultados humanos, numéricos e financeiros;

Pela constante prática de motivar as pessoas a darem mais dinheiro, com promessas vazias e técnicas de convencimento, no lugar de ensiná-las sobre obediência, liberalidade e Justiça;

Pelo mau uso dos recursos consagrados a Deus, para benefícios pessoais ou corporativos distantes da Proclamação do Evangelho e do estabelecimento do Reino de Deus.

Pela prática da mentira, constatada através de testemunhos superestimados, ou de omissão de detalhes que mostrariam a fraqueza do homem e a misericórdia de Deus;

Pela tolerância com os divórcios não provocados por adultérios, coisa que Deus odeia, e pela facilidade em se abençoar para novos matrimônios pessoas que destruíram suas famílias, não obstante conhecerem a Palavra de Deus. Até ministros que têm deixado a mulher de sua mocidade para juntar-se a outra, não obstante a Presença de Deus em sua aliança.

Por movimentos simpáticos à prática do homossexualismo dentro da Igreja de Cristo e até igrejas que abençoam tais relacionamentos e ordenam ao Ministério pessoas na prática deste tipo de pecado;

Pelos constantes escândalos sexuais que se tornaram comuns e são acobertados por uma liderança conivente com o problema, que não cura o ferido e nem confronta o pecado;

Pela onda de judaísmo rabínico (Travestido de “messiânico”), negando a divindade de Jesus e também a veracidade das Escrituras Sagradas, dos Evangelhos e das Cartas Apostólicas, e que têm se infiltrado na Igreja de Cristo, absolutamente longe dos princípios da Bíblia Sagrada, superestimando objetos de Culto, que se tornam amuletos e ídolos para gente simples;

Pelo escandaloso crescimento do envolvimento dos cristãos com a Maçonaria (desde importantes lideranças nacionais) e com os deuses do Egito que os nossos pais jamais conheceram.

Pela idolatria e sincretismo religioso em nosso país, que cada dia mais atrai cristãos nominais para um ecumenismo a exemplo do que ocorreu com Israel, antes da dispersão.

Sugerimos a leitura das cartas de Paulo aos Gálatas, aos Colossenses e as cartas de Jesus, através de João, às sete Igrejas da Ásia, e também para nós, Corpo de Cristo, em nossa geração.

Também pedimos que todos sigam O Espírito Santo para orarem clamando a Deus por arrependimento por tantas outras situações que podem ser trazidas pelo Senhor, bem como pelos pecados que como nação temos cometido contra O Nosso Deus e sua Palavra, que são quase inumeráveis.

“...e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” – (Hebreus 12:14)

ANEXO - II

ORIENTAÇÕES SOBRE ATOS DE ARREPENDIMENTO E UNÇÃO, E ATOS DE JUSTIÇA

1. Encontros Municipais de “Santa Convocação”

Estes seriam momentos para a igreja se reunir para adorar ao Senhor, confessar qualquer pecado, e clamar pela ministração do Espírito Santo sobre sua cidade.

2. Marchas de intercessão por conversões e pela manifestação do Reino de Deus em nossos bairros e cidades.

3. Intercessão em lugares públicos

Praças centrais, “Marco Zero” de municípios, Pontos cardeais de municípios e estados, Prédios dos poderes executivo, legislativo e judiciário, municipais, estaduais e federais, hospitais e universidades.

4. Intercessão em locais de decadência conhecida

Lugares conhecidos pela miséria, violência, prostituição, tráfico de drogas.

5. Períodos de intercessão e adoração

Muitos conhecem esse período como “vigília”, outros como “turnos de adoração”, e outros como “Harpas e Taças”. Esses períodos podem ser marcados também em lugares estratégicos como praças públicas, firmas, escolas, clubes e todos os lugares onde queremos ver A Manifestação do reino de Deus.

ATOS PROFÉTICOS

Cremos que o Espírito Santo tem falado sobre atos proféticos a serem realizados pela Igreja. Queremos encorajar a todos a seguirem a direção do Espírito Santo e da Palavra de Deus, com testificação de suas lideranças espirituais e em humildade.

Lembramos que esses devem ser efetuados rigorosamente com temor, com oração, e com obediência ao Espírito Santo.

UNÇÃO DO BRASIL

Entendemos pelo Espírito Santo sobre INVOCARMOS A JESUS CRISTO E O SEU REINO e UNGIRMOS nossa nação procurando tocar todos os Estados em suas capitais, e quem sabe num esforço coletivo para alcançarmos os mais de CINCO MIL municípios, dentro deste período de 70 dias, reconsagrando nossa nação e confirmando-a como propriedade do Senhor Jesus Cristo, de forma plena e irrevogável.

Sugerimos para este momento de Unção:

1. Que a unção seja efetuada por lideres maduros e responsáveis, que recebam do Senhor direção clara para seu envolvimento nesse projeto, e saibam como ungir sua cidade, estado ou região;

2. Que sejam ungidas pelo menos nossas capitais. A unção pode ser feita nos pontos cardeais ou no marco zero de cada localidade;

3. Que nenhuma unção seja feita de forma isolada, mas que se formem equipes para cada ação e que todas elas sejam relatadas ao CAB;

4. Que as unções nunca sejam desassociadas de períodos de arrependimento e confissões de pecados, turnos de adoração e intercessão;

5. Que se priorize ações que não chamem atenção, que tudo seja feito com discrição e sabedoria e sejam reconhecidos, apenas no mundo espiritual.

6. Que em cada cidade alcançada, as igrejas locais, membros da Igreja de Cristo naquela localidade possam ser comunicadas deste desafio e se possível motivadas a participarem da Unção e do Arrependimento proposto.

JUSTIÇA (TSEDAKÁ)

Entendemos que o Arrependimento verdadeiro deve ser manifestado através de frutos dignos de arrependimento, e motivamos que a Igreja de Cristo, em todas as localidades de nosso país, para que se movam na causa dos pobres, órfãos, viúvas e desamparados de todos os tipos nas nossas cidades. Há uma pungente expectativa principalmente dos nossos jovens, de o que fazer depois de nos arrependermos e nos quebrantarmos diante de Deus, e a resposta é: Vamos manifestar O Amor do Nosso Deus e de Jesus Cristo, através dos nossos atos de Justiça para com os menos favorecidos da nossa nação.

“Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou, e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são os atos de Justiça dos Santos”. (Ap. 19:7-8)

Desejamos exortar a igreja a participar dos “Atos de Justiça” que enfeitam, ataviam, a noiva de Cristo neste momento.

1. Atendimento aos menos favorecidos: pobres, órfãos e viúvas;
2. Atendimento aos marginalizados da sociedade;
3. Atenção a família bíblica e sua edificação conforme os padrões bíblicos;
4. Buscar ministrar as “obras de Jesus” de cura, libertação e pregação do arrependimento das obras mortas e da Fé em Deus;
5. Multiplicar a intercessão e adoração como sacerdotes do Senhor no nosso país.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Manifestou-se em Outra Forma

5ª Reflexão Sobre o Cristo Ressurreto

E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. – Marcos 16:12

A passagem bíblica acima refere-se ao encontro de Jesus com dois discípulos à caminho de Emaús. Emaús representava uma pequena aldeia próxima de Jerusalém, cujo nome significa “pôr do sol”. Para lá caminhavam aqueles dois discípulos. Não apenas na direção daquela cidade como também rumo ao pôr do sol do arrefecimento das esperanças e da falta de sentido para a vida. Jesus vai ao encontro deles a fim de trazê-los de volta aos sonhos originais. Ele se revela a eles de outra forma.

Não sabemos ao certo sobre qual forma seria essa mencionada por Marcos. Mas ao que parece, isso estaria muito mais relacionado à forma de abordá-los do que em relação aos aspectos físicos e corpóreos. Não creio portanto que essa forma diga respeito a alguma intenção de Jesus de transfigurar-se diante deles como o fez no Monte da Transfiguração. Penso então que isso se refira à maneira necessária de se apresentar a dois discípulos no caminho da desilusão, frustração e tristeza.

Pensando nessa linha, sua manifestação teria de levar em conta o estado emocional em que se encontravam. Eles estavam realmente abatidos e sem esperança alguma. Cuidadosamente Jesus se aproxima não revelando-se imediatamente como o Cristo ressurreto. Ele quer ter a certeza de que seus amigos serão conduzidos seguramente por um caminho onde possam alicerçar sua fé a partir de então. Nada melhor, portanto, do que um processo que culmine em uma revelação profunda e consistente. Somente assim seus discípulos voltariam a enxergar o que era realmente importante.

Seus olhos estavam como que fechados e não conseguiam reconhecê-lo. A profunda tristeza havia cegado o entendimento. Jesus teria de começar pelo começo, a fim de remover-lhes a venda dos olhos.

Primeiro, deixaria que eles contassem sua versão da forma como viam e percebiam todas as coisas. Ele lhes pergunta a razão de estarem tristes e sobre o quê conversavam no caminho. Admirados pela suposta ignorância dos fatos, eles o questionam acerca disso. Instigando-os ainda mais, Jesus lhes pergunta: “Quais?” – referindo-se aos acontecimentos de que falavam. A partir daí então começam a narrar.

Aprendemos com essa estratégia de Cristo a deixar as pessoas falarem do que viram e testificaram. Por enquanto falam dos fatos e de detalhes concretos de tudo que puderam presenciar. Depois elas entram no campo dos sentimentos. Desabafam sobre o que aqueles fatos produziram na alma. Compartilham sinceramente acerca das suas tristezas e frustrações. É a hora em que abrem o coração e derramam todas as suas queixas e até mesmo suas irritações. Em algum momento, porém, há de se descobrir um fio de esperança ou uma luz no fim do túnel. Uma descoberta feita não pelo conselheiro, mas pela própria pessoa que expõe os fatos. Isso se deu com eles quando falaram da crucificação, expuseram a frustração de não tê-lo mais como o possível libertador do jugo romano para o povo de Israel, mas, a despeito de tudo isso e das lágrimas derramadas, admitiram ter ouvido que as mulheres testificaram da ressurreição.

Jesus assume a partir daí. Colocou o dedo na ferida e mostrou-lhes a causa de tamanha tristeza. O problema estava no fato de que eles eram néscios e tardos de coração. Por partes, néscio quer dizer: sem instrução, sem discernimento, sem sentido, sem coerência, sem competência, ignorante, estúpido, incapaz, inepto, bronco, lerdo. Foram chamados também de tardos de coração, ou seja, tardios em perceber as coisas espirituais que se discernem no coração.

Parece uma interrupção abrupta daquele processo suave que estava em operação até então. Mas Jesus sabia que precisava livra-los da auto-comiseração e das lamentações infindáveis que não nos leva a lugar algum. Era como se Ele os estivesse sacudindo e dizendo-lhes: “Acordem depressa! Percebam o perigo!”

Na verdade o que para eles seria apenas um fiozinho de esperança pelo fato de terem ouvido algum testemunho das mulheres, deveria ser, no entanto, a grande rocha de convicção, não pelo que elas disseram depois e sim pelo que os profetas já vinham anunciando muitos e muitos anos atrás. Por isso foram tidos como pessoas sem discernimento e tardios em perceber as coisas.

Não somos diferentes deles. Coisas escritas, anunciadas e pregadas tantas e tantas vezes, ainda parecem incógnitas para muitos de nós. Sem detença, Jesus ministrou-lhes a Palavra, firme fundamento da nossa fé. Elas nos revelam não apenas o que as mulheres estavam dizendo mas os fatos verdadeiros como Deus sempre disse.

O processo até aqui constou de três momentos principais: a permissão para o esvaziamento das queixas através do compartilhar dos pontos de vista, a identificação do problema que girava em torno da falta de discernimento e da demora em se perceber as coisas espirituais, e, por último, o enchimento do vaso através da ministração da Palavra de Deus.

Mas a obra não estava completa. Faltava-lhes uma experiência pessoal com o Cristo ressurreto. Ele estava ali mas não era percebido. Podiam até vê-lo nas Escrituras mas não de pé ali diante deles – em carne e osso.
Também não é diferente em nosso caso. Às vezes conhecemos muito da Bíblia e até nos emocionamos com os escritos, mas eles continuam sendo letras e não gente. O Cristo anunciado por Moisés e pelos profetas estava ali em pessoa. Como não percebê-lo?

Ao mencionar que seguiria adiante, Jesus foi convidado a ficar com eles aquela noite. Mesmo ainda de olhos fechados, não podiam deixar de perceber que aquela presença era especial. Muito mais especial, no entanto, se tornou depois do partir do pão. Ninguém fazia aquilo como Ele. Tantas e tantas refeições juntos e inúmeros momentos de intimidade entre amigos que seria impossível não reconhecê-lo.

O que quero dizer é que Jesus não foi identificado enquanto os olhos daqueles dois estavam obstruídos pela desilusão e pela falta de perspectiva. Liberaram suas frustrações e começaram a ser curados. Vislumbraram saídas, ainda que meio sem certezas absolutas. Foram sacudidos pela admoestação amorosa mas firme acerca do quanto trafegavam pelo caminho dos néscios e dos tardos de coração. Foram mergulhados no oceano das Escrituras Sagradas e viram nelas o Cristo de quem tanto sentiam falta. Mas foi ao partir do pão que seus olhos realmente abriram.

Creio que a palavra chave aqui seria “relacionamento”. Parte-se o pão em ambientes de convivência, entre pessoas íntimas e amigas. Jesus era o amigo íntimo que comia e andava com eles. Por mais que fosse difícil entender a Bíblia, tudo ficou fácil, muito fácil, quando essa Bíblia se tornou uma pessoa que se relacionava com as outras pessoas na informalidade e na naturalidade - sem religiosidade e sem ritualismos.

Seus olhos se abriram mas Ele desapareceu. Por que? Porque agora não precisavam mais dEle em carne e osso. Se fosse assim eles levariam grande vantagem sobre aqueles que não tiveram o mesmo privilégio de vê-lo em pessoa. Vantagem sobre nós do século 21 e de todos os outros séculos antes e depois dele.

Mas ele está vivo! Eu e você sabemos disso. Apenas precisamos vê-lo para além das Escrituras Sagradas. Vê-lo em meu cotidiano, andando comigo e se revelando nas coisas simples da vida.

Desejo que seja essa a sua experiência também.

Wilson Maia dos Santos